sábado, 21 de novembro de 2009

Ruínas Históricas

Victor Rafael Limeira da Silva¹
Olivedos é a típica cidade em que os historiadores ou qualquer outro pesquisador que necessite de acesso ao seu passado histórico passam por um sofrimento enorme. Nós contamos com alguns registros fotográficos de acervos particulares, uma única bibliografia oficial no livro “Malhada das Areias Brancas” de autoria de Inocêncio Nóbrega, onde ele cita raramente Olivedos na sua narração da história do município de Soledade e, ainda temos certas produções acadêmicas de historiadores filhos da terra e de outros populares, algumas que de tão falhas não merecem nem o trabalho de nossa leitura.
Diante desse quadro vemos a grande lacuna de documentação que possuímos, pois, mesmo que hoje algumas vertentes da historiografia valorizem a chamada “história oral”, mas o historiador necessita sim de documentos, mesmo que não sejam oficiais, pois isso é à base da logística do trabalho da ciência histórica.
Entretanto, esse não é o maior problema no momento, é apenas a “ponta da geleira”, pois ultimamente alguns olivedenses, inclusive alguns que dizem amar a cidade, estão destruindo nossa documentação histórica; como? Estão queimando os papéis? Rasgando-os? Não. Eles estão pondo abaixo as casas históricas da cidade.
Para melhor conhecimento dos leigos na área de história gostaria de informar que a arquitetura de uma cidade também é documentação histórica; os tijolos, as vigas, o piso de uma casa antiga é um arquivo, é o registro material de presença humana em tempos passados, portanto, é considerado como fonte de pesquisa.
Alguns casarões, que particularmente possuíam uma composição arquitetônica belíssima foram ao chão, em nome de que? Da beleza moderna, do progresso, como dizem.Isso é a pura prova do amor que essas pessoas nutrem pela cidade, pois estão contribuindo para acabar de vez com o resto das fontes que os pesquisadores ainda teem; Não nos importa saber se o casarão pertenceu a Teodózio Lêdo ou a outro qualquer, o que está em jogo é o registro material em si, é crime destruir prédios históricos, mesmo que estes não sejam tombados pelo IPHAN, pois é do senso comum que aquelas obras são de extrema valia.
Como dizia o velho monsenhor Stanislaw, mais conhecido como Padre Ginú, “um povo sem história é um povo anônimo”, e Olivedos gradativamente está ficando assim, estamos perdendo nossas referências, se depender dos historiadores da cidade não deixaremos que isso aconteça, mas precisamos de apoio do poder público, que é o responsável direto pela preservação de nossas riquezas sejam elas materiais ou imateriais. Alguns podem alegar: mas os prédios são propriedade particular, faze-se deles o que bem se entender. Como essas pessoas realmente não possuem um cérebro que funciona; quando se trata de patrimônio histórico pelo senso comum ele não pertence a ninguém, ele é público, é nosso; mesmo que alguém possua uma escritura tem que ter a consciência de que ele é mais um guardião daquela riqueza do que mesmo o seu dono, é função sua preservar o máximo possível os prédios históricos para as gerações vindouras.
Com a finalização desse pequeno texto fica a reflexão para nossos conterrâneos, para os vereadores e demais representantes do poder público: o que estamos fazendo para tornar Olivedos uma cidade rica em registros históricos, inclusive com potencial turístico? Será que não estamos transformando nossa história em ruínas?
¹ Acadêmico de História pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG e Cursista de educação digital do Proinfo -Olivedos.

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