sábado, 21 de novembro de 2009

Dia da (In)consciência negra

Victor Rafael Limeira da Silva*

Hoje é feriado para algumas pessoas no Brasil já que nem todas as cidades adotam-no oficialmente na lei; infelizmente não são todos que recepcionam o verdadeiro sentido de se lembrar a consciência negra, mas, o 20 de novembro se torna um dia a mais para ficar em casa ou passear.
Conversando com alguns amigos ficamos refletindo sobre os “negros”, afinal é dia de pensar neles, já que nos outros dias a sociedade faz questão de esquecê-los. Dentre muitas questões levantadas alguém tocou no tema das cotas “raciais” (termo mais que ultrapassado e que não merece aqui nem a nossa discussão em torno dele) para afro-descendentes e indígenas, ou melhor, para pessoas com a pele escura, olhos puxados e cabelos crespos ou lisos, já que esse é o justo critério adotado.
Eu diria que o governo brasileiro não está querendo criar um sistema de “cotas”, mas sim, de “castas”, no sentido mais indiano do termo. Pois, é bem verdade que ao ingressarem num curso superior por meio de uma dessas inúmeras bolsas e processos seletivos super-confiáveis do governo federal os negros realmente estão sendo postos dentro de uma casta: o grupo dos que entraram pelas cotas, como dizem muitos acadêmicos, ou melhor, dizendo, o grupo dos que não teem capacidade de pensar sozinhos.
O sistema de cotas não passa de um tirano preconceito disfarçado de atitude boazinha de um governo populista. Entre os séculos XVI e XVIII os negros não podiam participar da sociedade ou estudar junto com os brancos por que eram negros; hoje eles não teem capacidade de conseguir isso sozinhos, portanto, é necessário que os brancos poderosos façam isso por eles. É incrível como nossa sociedade ainda está de olhos fechados para isso e o pior é saber que existem afro-descendentes que corroboram com essa situação criminosa.
Antes de querer entupir as salas de curso superior de “acadêmicos” (resguardando-se entre mil aspas esse termo) dever-se-ia permitir que as pessoas tivessem o que comer, tivessem boas escolas em nível de fundamental menor e maior para que assim elas tivessem com suas próprias forças capacidade de chegar a um curso superior capacitado para isso.
Decisivamente, as pessoas não sabem mesmo o que é consciência negra, esse nome não significa simplesmente “orgulho” de ser negro não; significa que os “brancos” devem reconhecer a dignidade daquele que é da mesma raça que ele, a Homo sapiens sapiens, mas, que por uma minúscula diferença no gene tem um pouco a mais de pigmentação na pele e, por parte dos próprios negros que devem demonstrar que são capazes de muita coisa e não se submeterem a sistemas que só alimentam o preconceito e a discriminação como o que foi apresentado. Enfim, neste dia posso dizer: se a situação continuar da forma que está eu não tenho o menor orgulho de ser negro. Abaixo “esse” orgulho negro!
*Acadêmico de História pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG e cursista de educação digital do PROINFO – Olivedos.

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