quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Azedo como Limão

Ora bolas! Quem sou!
Sou um ser do mundo
Precisando ser mais profundo,
Ser aquilo que Deus pensou.

Sou constante e inconstante
Tenho apego e desapego
Tenho coragem, tenho medo
Sou do tempo e de um instante.

A história também construo
Sou útil, tenho intuito,
Detesto, mas amo muito
O que não serve destruo.

Sou um grupo de muitas partes,
Os sentimentos tenho também,
Amo a vida, mas vou ao além,
Não sou criativo, mas amo artes.

Aos grandes poetas: perdão!
Mas tenho sangue nas rimas,
Essa é uma das minhas sinas:
Pensar, dar opinião.

Antes de me mandar partir
Deus me deu uma cabeça,
Pensamento, dúvidas, certezas,
Pra enfrentar meu cariri.

Sou filho do grande sertão,
Sou irmão da seca, do cacto,
Deus mandou-me fazer um pacto
Com o mundo infértil, enorme rincão.

Não tenho a pretensão
De ser um mestre da poesia,
Como meu velho Mané fazia,
Mas só de seu nome levar o limão.

Sou rebento dessa fruta azeda,
Que não atraí, não dá sabor,
Mas que não deixa passar uma dor,
Pois, alivia com voz de seda.



Victor Rafael Limeira da Silva.

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